Porsche e “e-fuels” da patagónia chilena
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A PORSCHE E OS “e-Fuels” DA PATAGÓNIA CHILENA.
A mega poluição provocada pelos transportes, que todos contestamos, obriga o mundo a pensar em soluções que vão muito além daquelas que se previam, nomeadamente a eletrificação da mobilidade. A germânica Porshe avança para a incomparavelmente bela Patagónia chilena, para provar que os motores a combustão ronronarão no futuro com combustíveis sintéticos neutros em carbono, os “e-fuels”.
A Porshe constituiu uma “joint venture” com a Siemens Energy e a Exxon Mobil para produzir 130.000 litros de combustíveis sintéticos por ano, na Patagónia chilena. A perspetiva será aumentar a produção para os 550 bilhões de litros anuais, em fábricas similares distribuídas pelos EUA e pela Austrália, até 2026.
E o que são combustíveis sintéticos? São combustíveis fabricados a partir de eletricidade renovável, de água e de dióxido de carbono, que farão rolar, em modo “descarbonizado”, os veículos que não serão convertidos em elétricos, no futuro, em particular as viaturas de coleção.
Basicamente, fabricar os “e-fuels” é “partir” as moléculas de água com eletricidade renovável, para produzir, por eletrólise, hidrogénio descarbonizado. Paralelamente o dióxido de carbono da atmosfera é feito reagir com o hidrogénio dando origem a metanol para produzir, posteriormente, combustível para queimar no motor de combustão. Estes combustíveis são neutros em carbono porque captam o carbono que posteriormente emitem. Isto é, são equivalentes ao número zero, neutro na adição.
Mas serão estes combustíveis eficientes?
A comparação da eficiência entre um veículo a “e-fuel” e um veículo elétrico obriga-nos, pelo menos para já, a olhar atentamente para a solução.
Na realidade, atualmente, se dispusermos de 20KWh de energia renovável para produzir os combustíveis sintéticos, podemos percorrer, com uma viatura a combustão, 20 km. Se injetarmos a mesma quantidade de energia na bateria de um veículo elétrico, poderemos percorrer 100km.
Isto não seria um problema se pudéssemos construir infinitas fontes renováveis de energia elétrica. No caso de França, o Instituto francês do petróleo, estimou que necessitaria de construir mais 14 reatores nucleares, multiplicar por 2,5 o ritmo de instalação de eólicas e por 7 as de fotovoltaicas, para atingir a neutralidade carbónica em 2050.
Todas as soluções para a descarbonização do transporte são bem-vindas num mercado livre e concorrencial. Os elétricos, os movidos a hidrogénio, os e-fuels e os biocombustíveis derivados de resíduos, transformarão a mobilidade em amiga do ambiente.
Mas, os mais amigos, são mesmo os biocombustíveis derivados dos resíduos. Emitem zero CO2, aproveitam recursos que, descartados no ambiente, produzem impactos negativos nos recursos naturais, contaminam a água, o ouro do futuro, e consomem recursos económicos para o seu tratamento. Quais os biocombustíveis que já rolam e provam a sua eficiência? Os biocombustíveis produzidos a partir de óleo alimentar usado. Serão sempre uma solução, para vários problemas, e acessíveis a todos.
Mas sim! Várias soluções de mobilidade verde são fundamentais para a saúde do ambiente, assim como uma alimentação variada é boa para a saúde humana.
A Porshe deu o mote para o futuro.
“Tenho um “e-fuel” e tu?”
Quitéria Antão
Fontes:
Instituto francês do petróleo
Cience & Vie